terça-feira, 19 de julho de 2011

Greve dos Professores é suspensa; mas categoria mantem estado de greve


           Após 62 dias de greve, os trabalhadores em Educação decidiram em assembleia estadual realizada nesta 2ª feira, 18, suspender o movimento e manter estado de greve nos próximos 120 dias. Neste período, a coordenação do SINTE/SC vai buscar a retomada de negociação com o governo, a fim de discutir a pauta de reivindicação do magistério.

            O foco principal é a garantia da manutenção dos pontos da pauta que já haviam sido acordados com o Governo: realização do concurso para ingresso no magistério em até 12 meses, abono das faltas da greve e de outras manifestações reivindicatórias de 2007 a 2011, revisão do decreto 3593/2010, que trata da progressão funcional; revisão da Lei 456/2009 (Lei dos ACTs), e reajuste do valor do vale-alimentação. A assembleia deliberou também as escolas devem ter autonomia para a elaboração do calendário de reposição das aulas, a fim de evitar prejuízo do conteúdo escolar ao aluno.

             A assembleia estadual da categoria reuniu cerca de 4 mil pessoas, no Centro de Convenções Centro Sul, de Florianópolis.

Reproduzimos Carta de Alguns Educadores sobre a Greve que respondem a uma série de questionamentos :

* Por que então fizeram esta greve?
Fizemos esta greve porque o governo do estado se recusou a cumprir uma Lei Federal, que tem por objetivo melhorar as condições físicas e pedagógicas de nossas escolas e reajustar os salários dos educadores.
* Por que o governo se recusou a cumprir o que a Lei determina?
Porque ele alega não ter os recursos necessários para isso. Porém, nós sabemos que o governo federal repassa aos estados através do FUNDEB os recursos necessários para o pagamento do piso nacional na carreira.
* Por que o governo não faz isso?
Na verdade esta greve serviu dentre outras coisas, também para descobrirmos que o governo do nosso estado está desviando boa parte dos recursos da educação para outros fins e, portanto não investe os 25% estabelecidos pela legislação.
* Por que o governo comete essas irregularidades?
Porque infelizmente nossos governantes estão habituados a ver a educação como algo de importância secundária, pois não investem nem mesmo os recursos mínimos estabelecidos em lei, e também porque os órgãos responsáveis pela fiscalização têm se mostrado omissos diante de tais irregularidades.
* O que vocês conseguiram com esta greve?
Conseguimos mobilizar a nossa categoria como jamais foi feito na história da educação catarinense, conscientizamos a sociedade dos desvios que estão ocorrendo com os recursos da educação, que servem para tudo, menos pagar o que é de direito dos professores e conseguimos ainda desmascarar este governo hipócrita e mentiroso, que pouco valoriza os educadores catarinenses.
Sabemos que muitos outros questionamentos serão feitos e provavelmente nem todos irão concordar com os nossos argumentos, porém coube a nós educadores darmos um basta a todas essas irregularidades e lutar para que a legislação seja respeitada. Infelizmente, apesar da grande mobilização, o governo se omitiu o tempo todo em dialogar com a categoria, também usou de toda truculência possível para tentar desacreditar o movimento perante a opinião pública. Diante disso, que outra atitude se esperava dos educadores que não fosse a de líderes deste levante histórico em prol da educação pública catarinense? Liderar um movimento desta magnitude, não é algo muito simples, pois sabíamos que iríamos nos defrontar com forças poderosas, dispostas a nos sufocar e a nos silenciar.
Perante a toda intransigência do governo resistimos o quanto pudemos, porém em nome do bom senso e da preocupação em relação aos nossos alunos, decidimos suspender a greve e reiniciar as aulas. Queremos enfatizar que de hoje em diante estaremos atentos a todas as ações do governo em relação à educação, iremos cobrar o cumprimento de todos os itens acordados entre o governo e sindicato, que permitiram a suspensão da greve para se buscar um entendimento futuro. Sinceramente esperamos que o governo cumpra aquilo que está sendo estabelecido, pois caso contrário, nós iremos inviabilizar o início do próximo ano letivo. Infelizmente temos argumentos suficientes para acreditarmos que o governo mais uma vez tentará nos enganar, pois foi assim que ele agiu durante todo esse período de greve. Não deveria ser esta a atitude de um governante que disse que em seu governo “as pessoas estariam em primeiro lugar”. É importante salientarmos ainda que um dos responsáveis pelas condições precárias que se encontra a educação catarinense é o senhor Luiz Henrique da Silveira, ex- governador do estado, que sempre ignorou os apelos feitos pelo magistério catarinense em relação aos desmandos cometidos contra a educação e os educadores deste estado.
Que tenhamos todos nós um futuro de grande aprendizado, e que a palavra de nossos governantes volte a ter algum significado.
Na certeza de que todos(as) nós, que participamos desta mobilização histórica vivenciamos um momento de grande aprendizado, acrescentamos ainda algumas palavras finais:
Ao governo e suas “bocas alugadas”:
Os Educadores tem Rosto, Nome e Memória!
- Aos Educadores: Nossa força é nossa união!
“Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia. O mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante”. Charles Chaplin
Aos Alunos e aos Pais:
Somos Educadores (as), assumimos os nossos deveres, não abdicamos dos nossos direitos!
- A Imprensa/Mídia: Credibilidade se conquista com imparcialidade e informações coerentes.
Aos que tiveram ética e profissionalismo nossos parabéns!

Nenhum comentário:

Postar um comentário