sexta-feira, 22 de março de 2013

Como fazer nossas Produções de Texto

Como fazer nossas Produções de Texto?


“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. 
John Donne

Quando o poeta escreveu este texto ele quis dizer que nós sozinhos não somos ninguém, fazemos parte de um todo!!

Os passos
1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião
3) apresentar argumento básico 
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato- exemplo
6) concluir 

Como fazer nossas Produções de Texto? Como expor com clareza nosso ponto de vista? Como argumentar coerentemente e validamente? Como organizar a estrutura lógica de nosso texto, com introdução, desenvolvimento e conclusão?
Vamos supor que o tema proposta seja Nenhum homem é uma ilha. 
Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado, significando solidão, isolamento.
Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de sua redação. 

1. Transforme o tema em uma pergunta:
Nenhum homem é uma ilha? 

2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista. 

3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal. 

4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares. 

5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele d á uma marca pessoal à dissertação.
6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agrupá-los na seqüência que foi sugerida. 
CONCLUSÃO
A conclusão deve ser sucinta, conter apenas 01 parágrafo e deve retomar a ideia principal, desenvolvida no texto, de forma convincente. 
A conclusão é a apresentação da visão geral do assunto tratado, portanto pode-se retomar o que foi apresentado na introdução e/ou no CONCLUSÃO, relembrando a redação como um todo. É uma espécie de fechamento em que se parece dizer de acordo com os exemplos/argumentos/tópicos que foram apresentados no CONCLUSÃO, pode-se concluir que realmente a introdução é verdadeira. 

Perspectiva
Pode-se também apresentar possíveis soluções para os problemas expostos no CONCLUSÃO, buscando prováveis resultados (É preciso. É imprescindível. É necessário.), trabalhando com a conscientização geral. Por exemplo: É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos se conscientizem de que ...
Frases-modelo, para o início da conclusão
Apresento, aqui, algumas frases que podem ajudar, para iniciar a conclusão. Não tomem estas frases como receita infalível. Antes de usá-las, analise bem o tema, planeje incansavelmente a CONCLUSÃO, use sua inteligência, para ter certeza daquilo que será incluso em seu texto. Só depois disso, use estas frases: 

Em virtude dos fatos mencionados ... 
Por isso tudo ... 
Levando-se em consideração esses aspectos ... 
Dessa forma ... 
Em vista dos argumentos apresentados ... 
Dado o exposto ... 
Tendo em vista os aspectos observados ... 
Levando-se em conta o que foi observado ... 
Em virtude do que foi mencionado ... 
Por todos esses aspectos ... 
Pela observação dos aspectos analisados ... 
Portanto ... / logo ... / então ... 

Nossas escolhas

Nossas escolhas

quinta-feira, 14 de março de 2013

HABEMUS PAPAM - TEMOS UM PAPA






Romero Venâncio avalia duas obras de membros da Igreja Católica Romana sobre aos possíveis rumos de uma das instituições mais poderosas do mundo, para afirmar: Francisco I está longe de ser o que os católicos precisam.

*por Romero Venâncio
É público e notório a crise porque passa a Igreja Católica Romana nos últimos 20 anos. Desde o encerramento nos anos do famoso “Concilio Vaticano II” onde o episcopado católico tentou colocar Igreja na rota do mundo moderno, que uma crise instalou-se na surdina e entre fiéis e clero e varou décadas até chega nos últimos anos numa intensidade sem precedentes no catolicismo romano.
Dois livros escritos em épocas diferentes indicam um sintoma dessa crise. O primeiro foi “Igreja: Carisma e Poder”, de Leonardo Boff nos anos 80. Nesse trabalho teológico de eclesiologia, temos um diagnóstico do poder na Igreja Católica e da maneira como é exercido pela cúria romana sem meias palavras.
Boff chama de “patologias do catolicismo romano” os graves problemas porque passa a Igreja ao longo dos anos e a sua peculiar maneira de ocultá-lo do povo ou de tentar resolver sempre pela forma autoritária. O próprio Boff foi vitima deste mesmo poder ao ser punido pelo então Cardeal Ratzinger, acusado de “posicionamento herético e ofensivo ao magistério da Igreja”.
A teologia da Libertação, na voz e nos escritos de seus teólogos e teólogas alertava para a crise e clamava por uma Igreja mais popular, mais evangélica e menos apegada ao poder e menos encastelada no poder da cúria romana. Nem precisa dizer que isso jamais foi escutado pelos que detém o poder real dentro catolicismo romano.
Mais recentemente, o teólogo Hans Kung lançou o livro “A Igreja tem salvação?” (2011) na Alemanha. Nesse “livro-diagnóstico” o padre alemão chama a atenção para a crise violenta que vive a Igreja e que os seus prelados parecem querer enganar-se ou enganar os fiéis.
A igreja (em particular, os que detêm o poder) não quer perceber o comportamento anacrônico em relação aos temas relevantes do mundo contemporâneo: condição da mulher, homossexualidade, novas formas de família, capitalismo predatório, crise do masculino, “fastio de espiritualidade”, celibato obrigatório sem sentido para os padres e freiras, etc.
Segundo o teólogo: “A Igreja católica está doente, talvez doente de morte. Retrógrada, fixada no elemento masculino, eurocentrada e arrogando-se detentora da única verdade”. Isso dito por padre e teólogo alemão! Nem precisaria dizer mais.
Hans Kung vai no ponto: a Igreja perdeu o passo do mundo moderno e sempre se torna reacionária em relação a esse mesmo mundo moderno, desatualiza o Evangelho como método. O resultado é o moralismo, o autoritarismo, o formalismo e as suas consequências: pedofilia alastrada entre o clero, repressão absurda dos sentimentos, uma concepção anacrônica de família, o machismo religioso abjeto e a centralização do poder cada vez mais na cúria romana.
A renúncia do Papa Bento XVI (acontecimento raro na história da Igreja) e a o propalado dossiê sobre a situação interna da Igreja foi o ponto mais alto dessa crise e da impossibilidade de fazer vista grossa do fenômeno.
Os cardeais foram rápidos diante da crise e da necessidade de escolher um novo Papa. A escolha recaiu sobre um cardeal argentino de nome Jorge Mario Bergoglio. Jesuíta de formação e pastor muito preocupado com questões familiares e canônicas, esse foi o homem que os membros do conclave escolheu para guiar a Igreja e enfrentar a crise agônica que marca o catolicismo romano atual.
Duas surpresas: um latino para Papa e o nome escolhido para o pastoreio, “Francisco” (referência direta ao santo mais amado do catolicismo. Difícil saber exatamente a razão da escolha do nome. Pode ser uma jogada de marketing? Necessidade de mudança? Indicação de vida frugal? Recado aos poderosos?
Sabemos que o novo Papa enfrenta sério questionamento da sua atuação como bispo na Argentina de não ter tomado posição enérgica contra a ditadura sanguinária que se abateu no seu País. Sequestro de crianças, tortura brutal, assassinatos e quase trinta mil militantes de esquerda. Onde estava o Cardeal Bergoglio? Quais os seus escritos de denúncia dessa situação de ditadura (como fez no Brasil os Bispos Helder Câmara e Paulo Evaristo Arns)? Visitou ele jovens presos nos porões das prisões argentinas durante a ditadura? Não sabemos exatamente. Sabemos de seu silêncio durante o regime ditatorial.
Impossível prever como será o papado de Francisco.  A crise continuará e exigirá coragem para enfrenta-la com politica pastoral efetiva. Podemos apenas pensar algumas coisas possíveis, tais como: um olhar mais misericordioso (em sentido franciscano) para os mais pobres, para as mulheres na Igreja e fora dela; uma compaixão e compreensão com a homossexualidade como uma “experiência sexual normal” na vida de qualquer ser humano; um enfretamento contundente à lógica do Capital e um saneamento necessário nas contas e gastos da cúria romana, com seu banco suspeito de lavagem de dinheiro.
Tarefa homérica terá o novo Papa. Que São Francisco, efetivamente, seja seu guia e que a “coragem rebelde franciscana” seja seu método. 13 de março de 2013 pode ser um marco ou pode ser mais um continuísmo anacrônico. A Sé não esta mais vacante, mas estará cheia do amor de Francisco de Assis e da sua coragem rebelde? A história é quem dirá.
*Romero Venâncio é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe.